18 de mar. de 2006

A Pratica do Alpiste

  Eu ainda nao tenho ideia ate onde vai o senso de praticidade dos americanos, penso eu que ninguem ainda conseguiu estimar, devido a rapidez com que se superam. Mas confesso que algumas praticas me parecem tao benvindas, que chego a duvidar que relacionar a verdade a tudo que e eficaz podera vir a causar grandes danos a humanidade, como alguns chegam a pregar. Um pouco de pragmatismo nao faria mal ao nosso inesgotavel idealismo. Ao subordinar o conhecimento a uma finalidade pratica, os americanos criam situacoes as vezes despreziveis, outras vezes muito interessantes.
Em dezembro fui ao casamento de um amigo brasileiro com uma garota americana. Os convites chegaram nos moldes brasileiros, em cima da hora. O vestido da noiva ficou pronto tres meses antes, como convem aos americanos. O culto foi proferido em duas linguas, mas a traducao mais fiel ficou por conta do pai do noivo, que ainda se arrisca pouco no ingles. Quando o pai da noiva, nao sem antes agradecer a participacao de todos, anunciou formalmente aos presentes que o jantar seria servido no salao de recepcao no andar de baixo e que entao estavam convidados para se juntar aos noivos, o interprete se apressou em traduzir a mensagem em poucas palavras: a boia vai ser servida la embaixo , o que gerou gargalhadas, ate hoje nao compreendidas, pelos convivas nativos. Mas o detalhe mais encantador ficou por conta dos saquinhos de alpiste, devidamente decorados com lacinhos da cor das toalhas de mesa, dos adornos e dos vestidos das damas, distribuidos entre os amigos que se enfileiravam na porta da igreja a espera da saida dos noivos. Vi que todos se preparavam para lancar o conteudo do saco sobre o novo casal, que ja se aproximava. Me perguntei se arroz nao seria mais apropriado,como reza a tradicao. Mas quem se importa? Pude ouvir a mae da noiva comentar que, em minutos, os passarinhos comeriam o alpiste entao atirado, que formava um tapete no chao, o que pouparia alguem do trabalho de ter que varrer os milhares de graos que choveram das maos que desejavam toda sorte de felicidade aos pombinhos; àqueles que acabaram de casar e aos que viriam para o banquete na calcada da igreja mais tarde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro esta praticidade.
A vida as vezes já é tão complicada, então um pouco de pragmatismo até que ajuda. Principalmente nas horas de limpeza, cuidados com a casa e preparação de comida.