Pois e, depois dos quarenta, se instala um fenomeno junto aos mortais comuns que consiste na reincidencia em torno do tema velhice, seja para negar ou para trazer a tona o assunto de forma compulsiva. Os que negam tem a mania de comprar cremes rejuvenescedores, tantos quantos apareçam no mercado, gastam horas na academia diariamente, se desesperam a cada nova ruga que se insinua e aceitam qualquer palpite para combater a chamada velhice precoce, para nao dizer indesejada. Tambem nao revelam mais a idade e afirmam que so sabem contar ate 39. Nada de mal nisso, parece ate simpatico, quando nao vem acompanhado de obsessao ou cegueira. Os que dizem, ou fingem, aceitar o fluxo natural do tempo, tem mil e uma explicaçoes acerca da necessidade de aceitarmos os anos que se seguem como uma dadiva, tendo em vista um termino do segundo tempo sem maiores mazelas. Porem, o que chamam de placido fim esta longe de ser necessariamente menos duro do que qualquer outro tipo disponivel. Ninguem em sa consciencia, ou mesmo sob efeito de um antidepressivo qualquer, quer abrir mao da prorrogaçao. Aquele que fica para ouvir a historia ser contada no preterito perfeito ( voce ja descobriu por que este tempo se julga perfeito?), tem que dar a volta por cima e aprender a "estar velho", porem nao ultrapassado ou inutil, ou deprimido e doente. Quem sabe a minha geracao comece a se preocupar com isso mais cedo? A geracao passada, que se deleitou com os adventos da ciencia diante de fatos nunca antes imaginados, como por exemplo o surgimento dos antibioticos, talvez tenha tido a doce ilusao de que o segredo da imortalidade seria distribuido em frascos e acessivel a todos em um breve futuro. Porem, o que se constata e que nenhum cientista conseguiu aplicar o principio simples de "causa e efeito" para resolver os males da alma. Continuamos tao frageis e impotentes diante do desconhecido, quando nao do que nos parece totalmente familiar, quanto antes. Talvez mais saudaveis e experimentando uma melhor qualidade de vida, mas certos de que somos apenas uma pequena parte das pessoas nessa imensa bola a termos direito a questoes basicas como educacao, moradia, saude, emprego... Estamos longe de ver todos os beneficios, que o mundo moderno chegou a garantir, acessivel a todos. Um dia talvez descubram que o remedio para a fome, a miseria, o analfabetismo, a exploracao desmedida dos recursos naturais, a divisao das terras, nao ha de ser encontrado nos frios laboratorios dos cientistas positivistas.
O texto de hoje e em homenagem a Re Camara, inaugurando amanha uma nova decada, a de 50, provando que sabe bem como conciliar desespero e placidez diante do passar dos anos, tao bem descrito por Quintana “Antes, todos os caminhos iam. Agora todos os caminhos vêm”. Por falar nele, ai vai mais uma perola: Eu não sou como aqueles velhos que dizem: "Ah, os bons velhos tempos..." eu tenho vontade de dizer para eles: "Olha seu moço... seu moço, não, seu velho. Os tempos são sempre bons, o senhor é que não presta mais... (risos).
Um comentário:
Neste caso não precisa se preocupar muito. Pois a aniversariante esta a caminho de ficar mais "SEX" (como eu).
E posso garantir!!! Até que é muito bom ser
sexagenário.
Bjs
Postar um comentário