7 de set. de 2006

Ainda Aguia, Quase Galinha



Não me lembro quando tirei a fantasia de águia e vesti a de galinha, mas não deve ter sido uma decisao fácil, até porque voar sempre me pareceu mais fácil que manter os pés firmes no chão. Ser galinha tem me custado litros de suor e lágrimas, especialmente neste novo cenário. É bom que se saiba que, ultimamente, os cenários têm mudado com uma certa constância ou então, tenho pensado muito nisso, estou mesmo ficando velha, uma galinha velha. Não, não se trata de uma queixa. Não há nada de errado em ser uma galinha, posso até enumerar uma série de vantagens, a começar pelo fato de que uma galinha não tem que sair apressada em busca de alimento, acaba se conformando com uma minhoca dali, uma oferta de milho acolá e me parece bem feliz com isso. Além disso, o que se diz por aí é que galinha velha é que dá bom caldo. O problema é que achei que atuaria como águia para sempre e ainda hoje, quando olho no espelho, não me reconheço. Minha alma de águia ainda espera ver refletido o bico envergado, a plumagem branca e marrom, as garras afiadas, o olhar de orgulho. Tenho que confessar que também nunca aprendi a cacarejar, como convém a uma galinha, velha ou não. E uma galinha que não cacareja não merece assim tanta consideração, não passa de uma caricatura de galinha. E assim, não mais uma águia e nem ainda uma legitima galinha eu sigo; às vezes olhando para o alto, voando, outras olhando para o chão, ciscando...

Picture by Marcus ResendePosted by Picasa

Um comentário:

Anônimo disse...

Parece que viver é isso: as vezes galinhas outras aguias e outras ainda nemhuma das duas.Um constante exercicio de imaginação.