Então vamos
nós pra segunda parte da história, quando você terminou de viver um momento de puro êxtase, e reafirma “…então tá
combinado é quase nada...” Volta pra casa sorrindo feito boba e passa o dia
transpirando as emoções e o presente
basta em si mesmo. Sim foi bom, bem bom, pra mim.
Você se
sente grata por ter se permitido ser intensa, verdadeira, prazenteira. Por reafirmar que sabe como conduzir horas
que sejam de puro deleite, sem cobranças, sem culpa, sem limites
desnecessários, e também com respeito e cafuné.
Até aí tudo bem, tudo sob controle.
Então uma
hora dessas você não resiste e deixa escapar que as lembranças continuam a
fazer festa em suas memorias (ahhhh, esses malditos aplicativos que mantêm a
proximidade ao alcance dos dedos!) e o lado de lá replica com a mesma
disponibilidade. Foi bom pra você, foi
bom pra ele. Mas e daí?
Daí que é sempre
bom ouvir os sinos dobrarem e as borboletas girarem no estomago, mas a questão é
que você passa a desejar mais. E haja borboletas e haja estômago.
Chega então
a hora que você descobre que esta brincadeira está tomando o seu tempo,
roubando seu juízo, ocupando um espaço na sua rotina que estava quase
totalmente voltado pras tempestades em copos d’agua que a assaltaram depois da
baixa de hormônios ou para a sua coleção particular de bichos de sete cabeças. Sorte
sua. Mas, imagina você, se agir rapidamente, dará tempo de retomar o controle
da situação . Faça me rir.
No máximo dá
pra elaborar um discurso do tipo “deixa ver no que vai dar”. E aí, depois de mandar
ver um papo reto com seu alter ego, vem um apelo: deixe. Deixe que as coisas se estabeleçam sem que você tenha que
traçar um plano, seja de fuga ou de ataque. Deixe que os sentimentos se
misturem e não se expliquem e te tirem do sério e desequilibrem tudo. Deixe que o sabor da brincadeira te surpreenda
e sapateie sobre as suas verdades. Desapegue de suas crenças baseadas em amores
antigos ou recentes que sejam. Resista à tentação de perguntar à sua melhor
amiga o que acha que você deveria fazer; ela também vai fingir que sabe como
escapar ilesa de armadilhas do tipo. Não perca seu tempo e nem seu crédito com
o divino fazendo promessas que você sabe que não vai cumprir, do tipo “esta é a
ultima vez que…”.
Enquanto
isso, aproveite as boas vibrações do momento pra contagiar a sua rotina de novas
conquistas. Se de fato você fizer questão de manter alguma coisa sob controle,
que seja sua vida profissional, seu orçamento doméstico, sua relação com os que
lhe são caros e com você mesma. Caso não viva sem fazer planos, que se empenhe
em planejar sua próxima viagem de férias, aquele salto na carreira que passa
pela aprendizagem de uma nova língua ou coisa que o valha. Se não sobrevive sem
fazer promessas, que foque naquelas que você fez no início do novo ano, que
incluiu, com certeza, dar início a um programa de atividades físicas ou uma
dieta mais saudável em que você troca sem tanto esforço arroz por quinoa. Fora
isso, caro leitor, qualquer mania de explicação vai tornar você um arremedo de
si mesmo. E, vamos combinar, a gente já não tem mais idade pra isso.
Picture: Pop Art Cara Delevingne by lautaromoreno
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