Querido Dr. Gilton
Há duas semanas, me deparei com um simpático vidrinho de pimenta vermelha; tão pequeno, que cabia na palma da mão, o suficiente para uma única refeição. Estava disponível, junto a outros tantos, sobre uma bandeja de temperos em um restaurante e, por alguma razão que não se explica, me chamou a atenção; não que àquela altura eu desejasse qualquer sabor adicional ao paladar. Desde que provei do saboroso molho de pimenta que o senhor prepara com especial talento, nunca mais dei bolas para qualquer outra marca disposta nas prateleiras de um supermercado ou em uma banca de feira que seja; o sabor da sua iguaria é incomparável e há um exército de amigos, de nacionalidades diversas, que hão de concordar em uníssono.
Porém, o vidrinho, miniatura de uma tradicional embalagem, fez brotar um sorriso em meu rosto e me trouxe lembranças da pessoa querida, de caráter irretocável que, além de ser o maior preparador de molho de pimenta que conheço, é também o mais cativante de todos os sogros, o hóspede mais agradável, o companheiro de viagem mais disponível...e esposo dedicado da igualmente gentil e querida Ilsa.
Apertei o tal vidrinho com força entre os dedos e a palma da mão e então fiz dois pedidos. Desejei que aquele momento não fosse em vão, ao contrário, que a sensação de que estávamos incondicionalmente próximos fosse permanente e, mais que isso, que Marcus, ao conhecer os segredos daquele frasco cheio de analogias, pudesse ter a mesma certeza: há coisas que não passam.
Um beijo carinhoso,
Adriana, "sua escritorinha"
Escrito e enviado por email em 20 de abril de 2011. Revisitado com saudades no dia de hoje, em que ele se transferiu para outra dimensão mas , como eu havia mencionado, jamais passará.
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