24 de fev. de 2011



Nos últimos dias me veio à cabeça uma frase que minha mãe costumava repetir enfática ao perceber que estávamos nós, bravos guerreiros, a ponto de desistir de lutar, tamanha a dificuldade ou o tempo gasto na batalha considerada perdida. Lá vinha ela, esbelta infante, com o comando na ponta da língua:

“A gente morre, mas não se entrega”

Talvez por isso eu tenha me dedicado mais a saber perder do que a abandonar as armas, embora hoje ponha em dúvida a vantagem deste feito. Sair da guerra à francesa, sem precisar cumprimentar o adversário pela vitória não me parece de todo mal, especialmente quando o inimigo é você mesmo.

Definitivamente, o front de batalha já não me atrai como antes, sequer tenho tempo para repor a munição e os tiros de festim, inofensivos, não fazem mais do que barulho em minha rotina, por ora repleta de caras pintadas a caçoar do meu velho pangaré.

Na batalha do eu contra eu mesma a bandeira branca, nunca hasteada, já se insinua, embora tímida. Por que não abreviar o tempo dessa peleia? Brincar de heróis da resistência só dá bilheteria em show de rodeio. Tudo o que eu queria agora era colocar os braços para cima e me deixar revistar, antes mesmo de ter que caminhar, trôpega, no meio do fogo cruzado.

Olho para os lados...meu exército se encontra tão camuflado que já não o reconheço. Vontade de cair pra trás e dormir 300 anos seguidos.

Mas a frase da minha mãe não me dá sossego e ecoa insistente: “morre, mas não se entrega, não se entrega, não se entrega, não se entrega...”


2 comentários:

DE BEM COM A VIDA! disse...

DRIZINHA, BACANÉRRIMO! HOJE LI ALGO, ANTES DO " A Gente Morre mas não se Entrega" E PENSO Q FAZ UM BOM LINK..."Não olhe o seu problema como algo que deve enfrentar, mas sim como algo que você deve se adaptar, se fundir, olhe como algo que aconteceu e que não vai te atrapalhar mais. Não é para matar o "dragão", é para fazê-lo dormir. Só se mata quando se tem armas". BJO GRANDE PRA VC E Q CONTINUE NOS AGRACIANDO COM TEXTOS TÃO MARAVILHOSOS... TANZINHA

Sol disse...

Dri, nota 10. Minha mãe tb compartilha do mesmo ensinamento. Desesperar jamais... Envergo mas não quebro. Adorei seu texto. Abs. Sol