22 de out. de 2010

Arteira




Marido viajando por três semanas. Casa super silenciosa com uma filha na escola e a outra no Brasil, mãe entretida em seus quebra-cabeças. Almoço estrategicamente pronto, desde ontem. Um ar de satisfação ronda o ambiente. É verdade que não está necessariamente nos planos sair por aí a procura de uma balada; a casa nunca me pareceu palco pra tantas aventuras. A vontade de transgredir passa pela ousadia de gostar de estar sozinha e poder tomar decisões sem ter que esperar pelos outros.

Comecei meus 21 dias de solidão atirando tintas sobre uma tela enorme que comprei por uma pechincha. Já tinha feito inúmeras tentativas de terminar a obra, mas não estava satisfeita. Foi quando pretensiosamente me lembrei de Picasso e da idéia de que um quadro nunca está terminado, nós é que desistimos dele. Pois bem, desisti feliz da vida e corri pra pendurar o mesmo na sala de jantar, a fim de garantir mais luz e cor ao ambiente.

Dei dois passos para trás e gostei do que vi, mesmo certa de que o marido vai reclamar por eu não ter esperado por ele para fazer o furo na parede da maneira correta, talvez antes mesmo de elogiar a pintura... mas é o preço que se paga quando se tem desejo de felicidade imediata. Maridos nunca cumprem as tarefas domésticas no tempo regulamentar. Rápido como quem rouba, o fiz, e , melhor, fiquei igualmente orgulhosa de mim mesma, pela pintura e pelo furo. Este último, quase perfeito.

6 comentários:

Márcia Du disse...

A pintura esta linda. Mas aqui este furo na parede seria considerado uma injuria, pois prego e martelo não foram feitos para parede segundo o Valter (rs...) Ele ia colocar massa no furo, pintar a parede, deixar secar, fazer um furo com furadeira, colocar uma bucha de tantas polegadas,...etc., Como pode ver fazer arte aqui tá dificil. rs...

Adriana Horta Fernandes disse...

Amiga, aqui o tal furo vai ser considerado uma injúria, uma precipitação, um atentado ao bom senso...pode crer que trata-se de arte nos dois sentidos da palavra!
As buchas e a furadeira também imperam quando Marcus está em casa!

Unknown disse...

Dri estava com saudades e curtir seus ensaios literarios que aliás não saõ mais ensaios, mas arte na essencia da palavra.A outra arte sem comentários,amei,Valeu o título literalmente você é ARTEIRA.Mil bjs.

Unknown disse...

Dri está postado no nome do Túlio.Mais uma de minhas leseiras agora,virtuais.Vai ficar no nome dele de novo kkkkkkkkkkkkk...Bjs Regina.

Andre Santos disse...

Adriana abençoada solidão que produz tais obras(fora o furo, claro!!!!)
Está um trabalho impressivo, adorei.

kalina morena disse...

Adriana,
adorei o blog. voce nao gostaria de botar a opcao pra gente 'seguir' o blog?
beijo e saudades das nossas horas felizes nessa vida daqui.
Kalina