Nem só de paparazzi vivem as celebridades. Se no lugar de impacientes com os flashes e a falta de privacidade se tornarem pacientes e vulneráveis na cama de um hospital, um outro elemento se encarregará de deixar a opinião pública (leia-se curiosos) informados sobre seu estado: os boletins médicos. Aguardados ansiosamente, divulgados amplamente e comentados indiscriminadamente, se tornaram um procedimento a mais na rotina dos médicos. Em pouco tempo, os formandos do curso de medicina terão que completar a frase no juramento de Hipócrates: "Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto" ... tudo o mais eu deixarei minunciosamente registrado em um Boletim Médico, que será livremente repassado, interpretado, quando não deturpado, por aqueles a quem a informação possa interessar diretamente ou não.
Sparks, 29 de julho de 2008, 8:00 PM.
Paciente: Adriana Horta Fernandes
No vigésimo quarto dia, desde que soube ser portadora de uma disfunção de natureza física de caráter permanente, uma dislipedemia* de ordem genética, depois de uma crise de faniquito agudo, com direito a baixa em hospital e tudo, mantém, por ora, estado clínico geral estável.
Nas últimas horas, evoluiu com quadro de perda de peso, devidamente justificado pela dieta sem direito às coisas boas da vida, como massas, açúcar e gorduras ( calma, restam as fibras!). Além disso, a enfermidade está sendo tratada com doses sistemáticas de exercícios aeróbicos, minutos de meditação e controlados com o uso de medicamento.
A paciente permanece consciente, certa de que deverá seguir rigidamente as recomendações médicas, a fim de evitar, antes de mais nada, que os sobressaltos com as contas médico-hospitalares que já começaram a chegar (alguém falou em saúde pública? Não aqui, na terra de Tio Sam!), lhe roubem o que lhe resta de energia e da poupança para a compra da casa. A mesma se encontra no quarto(na sala, na cozinha, por onde anda) sob terapia medicamentosa e suporte nutricional.
*Dislipedemia: “alto colesterol e triglicérides no sangue que combinados a outros fatores de risco podem levar ao infarto, derrame cerebral, invalidez precoce e morte” ( poderia eu não apresentar sintomas da crise do pânico com uma definição dessas?)
AmeRiCanDo: verbo reflexo; brincando de tomar modos americanos; buscando adaptar-se ao modo de vida americano, embora senhora de uma alma cosmopolita e apesar da saudade
29 de jul. de 2008
BOLETIM MÉDICO- a quem interessar possa
"Dizziness" -Acrilico sobre tela- Roberto Lessa Junior-2007
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2 comentários:
Nossa! Mas uma afinidade,além de termos nascido no mesmo mês e mesmo ano. E haja dietas e exercícios...Adorei esse seu modo de escrever com bom humor sobre esse problema aterrorizador.Os médicos que o digam! Rsrsrs
Querida, graças a Deus é "algo" controlável, né?Vc é uma pessoa especial, consciente e COM CERTEZA (como já li em seu depoimento bem humorado e esperançoso)vai conseguir superar estes primeiros momentos e seguir em frente,normalmente, seguindo "direitinho" seu novo esquema de vida.FÉ EM DEUS E PÉ NA TÁBUA!Meu beijo carinhoso e saudoso.
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