A pergunta sobre a tela do computador em um despretensioso bate papo virtual parecia corriqueira. Não creio que a amiga distante quisesse saber o que eu era capaz de fazer enquanto andava por aí, mas foi bem assim que a imagem me veio à cabeça: a malabarista do dia-a-dia, cumprindo com tarefas de toda ordem enquanto caminhava, meio trôpega, tentando manter as duzentas bolas de tamanhos diversos no ar e seguindo a marcha da rotina, em meio às vinte e quatro horas oferecidas gentilmente pelo senhor do tempo aos homens de boa vontade e contas a pagar.
Ultimamente estava mesmo andando a fazer muitas coisas ao mesmo tempo e, pior, sem terminar quase nada do que me propunha a cumprir. Muitas vezes levantava para fazer algo e no caminho me distraia com tantas outras tarefas, até voltar para o local de partida e constatar que não havia feito o que primeiro me veio à cabeça. Tudo culpa dos hormônios, eu diria, estes batendo em retirada sem a menor cerimônia, causando uma bagunça terrível no estar intimo de minha casa interior. Mas esta desculpa estava ficando cada vez mais esfarrapada, afinal eu bem sabia que daqui para frente, apesar da bem intencionada ajuda da medicina, eu que cuidasse de dar um jeito de continuar caminhando sem me esborrachar ladeira abaixo antes da hora.
Ultimamente estava mesmo andando a fazer muitas coisas ao mesmo tempo e, pior, sem terminar quase nada do que me propunha a cumprir. Muitas vezes levantava para fazer algo e no caminho me distraia com tantas outras tarefas, até voltar para o local de partida e constatar que não havia feito o que primeiro me veio à cabeça. Tudo culpa dos hormônios, eu diria, estes batendo em retirada sem a menor cerimônia, causando uma bagunça terrível no estar intimo de minha casa interior. Mas esta desculpa estava ficando cada vez mais esfarrapada, afinal eu bem sabia que daqui para frente, apesar da bem intencionada ajuda da medicina, eu que cuidasse de dar um jeito de continuar caminhando sem me esborrachar ladeira abaixo antes da hora.
Então expliquei à velha amiga, que me compreendia muito bem, que andava fazendo planos. Literalmente. Por onde andava, fazia planos. Dentro de casa, no caminho para o trabalho enquanto dirigia, sendo transportada por um trem, na frente do computador, ao falar ao telefone, quanto me equilibrava em um monociclo sobre um barbante e exibia ao mundo minha destreza com jogos malabares, entre uma distração e outra... quando dormia e sonhava.
Sim, eu andava sonhando e fazendo planos. Pelo menos isso os tais hormônios não levaram consigo quando fugiram e bateram a porta dos fundos sem deixar um recadinho sequer. Por outro lado, acabaram levando por engano a minha habilidade para realizar os sonhos que sonhava. Fica aqui, portanto, um apelo aos que conviveram de perto com esta malabarista que vos fala. Caso encontrem por ai aquela cartola mágica que atende pelo nome de esperança, segura firme e me liga que eu passo ai pra pegá-la.
E você, o que anda fazendo?
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Sobre a ilustradora do post, encontrada por acaso e com muita alegria nas teias virtuais:
Toronto, Ontario,
Canada
O blog dela: kittyjujube.blogspot.com
Canada
O blog dela: kittyjujube.blogspot.com